Trombose venosa cerebral: o que é, quais os sintomas e qual a relação com a covid-19

Rodrigo Rodrigues, apresentador da Rede Globo, morreu nesta terça-feira em decorrência do novo coronavírus

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Por Camila Tuchlinski
2 min de leitura

O apresentador da Rede Globo Rodrigo Rodrigues morreu nesta terça-feira, 28, em decorrência da covid-19. Ele estava internado desde a noite de sábado, 25, em coma induzido, após testar positivo para o novo coronavírus e passar por uma cirurgia para diminuição da pressão intracraniana por causa de uma trombose venosa cerebral. O trombo é um coágulo, que pode ser parcial ou total, e se forma nos vasos sanguíneos, veias ou artérias, limitando o fluxo normal do sangue. Quando isso ocorre, é diagnosticada a trombose, que pode se manifestar de diferentes formas. 

Rodrigo Rodrigues, apresentador da TV Globo Foto: Instagram/@rr_tv

A trombose pode ter várias manifestações e diferentes causas: caso ela ocorra em uma veia profunda é definida como Trombose Venosa Profunda (TVP); já se o coágulo se formar em uma artéria, é chamada de trombose arterial (TA), e pode causar enfarte ou acidente vascular cerebral (AVC).  Uma em cada quatro pessoas no mundo morre em decorrência de condições causadas pela trombose, de acordo com a Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia. Gestantes e mulheres no puerpério, assim como pacientes com câncer, estão entre os mais suscetíveis à desenvolver esses trombos ou coágulos. "Mulheres em idade fértil e que fazem uso de anticoncepcional, também estão mais vulneráveis à trombose", explica Indianara Brandão, médica hematologista. A especialista acrescenta que três em cada 10 pacientes que tiveram o problema podem voltar a desenvolver um novo episódio de trombose. 

Quais são as principais causas da trombose venosa cerebral?

Em algumas situações, a população feminina está mais vulnerável, como o uso regular de anticoncepcional ou tratamento hormonal e gravidez. Porém, todas as outras circunstâncias põem em risco todos os gêneros. Confira os fatores de risco para a trombose venosa cerebral.

  • tabagismo;
  • ficar sentado ou deitado por longos períodos;
  • hereditariedade;
  • presença de varizes;
  • idade avançada;
  • pacientes com insuficiência cardíaca;
  • tumores malignos;
  • obesidade;
  • distúrbios de hipercoagulabilidade hereditário ou adquirido;
  • história prévia de trombose venosa.

Relação entre trombose venosa cerebral e coronavírus

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O tromboembolismo pulmonar é a mais grave complicação da trombose, pois há o deslocamento do trombo da veia para o pulmão. "A gravidade vai depender do tamanho e da quantidade de coágulos no pulmão", enfatiza a hematologista Indianara Brandão. Ela ressalta que, recentemente, alguns estudos também relacionaram a doença à quadros mais graves da covid-19.  Uma das maiores preocupações dessa relação diz respeito a identificação de uma forte ligação entre parâmetros anormais de coagulação - produtos de degradação do dímero D e fibrina - e a mortalidade. "Nesses casos o tratamento indicado e mais eficaz é feito com administração de anti-coagulante". salienta a médica .  Especialistas de vários países relatam problemas semelhantes. Uma análise realizada por cientistas chineses, com 183 pacientes diagnosticados com a covid-19, revelou que 71% dos que morreram apresentavam coágulos. Na Holanda, outro estudo com 184 pacientes internados em UTIs revelou que um terço deles tinha coágulos.  Os casos devem ser investigados, pois a evolução desses coágulos podem ocasionar enfartes, AVCs e até amputações "Em alguns casos, vemos a formação de grandes coágulos nas artérias, seja no coração, o que causa ataque cardíaco, nas artérias do cérebro, o que causa AVC, ou, ocasionalmente, nas artérias das extremidades, o que pode colocar em risco os braços e pernas do paciente e gera a possibilidade de que seja necessária amputação", conclui Indianara Brandão.

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