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Um dos pilares da qualidade de vida

Imunizações ajudaram a despencar a mortalidade infantil por volta de 90% em quase 50 anos

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Por Redação
Atualização:
Getty Images 

De 1974, um ano após a criação do PNI, até 2014, o número de mortes de crianças de até 5 anos de idade no País caiu 90%, segundo dados das Estatísticas do Registro Civil divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Uma parte importante desse processo é resultado do compromisso com a vacinação em massa, que colocou o Brasil como referência mundial.

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Além da erradicação de varíola e poliomielite, o País controlou surtos de sarampo, difteria e tétano. Atualmente, vacinas gratuitas contra mais de 20 doenças evitáveis, como caxumba, febre amarela e hepatite, são disponibilizadas gratuitamente na rede de saúde. As campanhas, todos os anos, protegem crianças, adultos e idosos.

O fato de os índices terem despencado, conforme mostra a pesquisa do IBGE,  tem a ver com “progressos maiores e mais rápidos no tratamento das doenças infecciosas e parasitárias, vacinação em massa e distribuição de medicamentos”. Segundo os autores do estudo, essas iniciativas podem ser implantadas com baixo custo e apresentam resultados excepcionais.

Ainda de acordo com os dados do IBGE, para a diminuição da taxa de mortalidade infantil, outros fatores também foram fundamentais, como maior número de casas com esgoto, água potável e coleta de lixo, aumento da escolaridade feminina e o maior acesso da população aos serviços de saúde, o que melhorou a qualidade do atendimento pré-natal e durante os primeiros anos de vida dos bebês.

Cultura da vacinação

Os esforços do Brasil para aumentar a imunização das pessoas transformaram a vacinação em algo cultural. O pesquisador Gilberto Hochman, da Casa de Oswaldo Cruz, unidade da Fiocruz destinada a saúde pública e ciências biomédicas, defende em um artigo o que ele chama de “cultura da vacinação”. Segundo o especialista, o longo processo de introdução de vacinas realizado pelo Estado brasileiro desde o final do século 19 ajudou a criar uma corrente positiva a favor dos imunizantes.

“Sustento que essa ‘cultura’ se constituiu ao longo do século passado e se expressa pela adesão da população aos programas governamentais de imunização e pela demanda cada vez maior de que novas vacinas sejam oferecidas pelo poder público. O Programa Nacional de Imunizações, criado em 1975 na esteira da erradicação da varíola no Brasil, é a expressão institucional desse processo, assim como os dias nacionais de vacinação – cruciais para a erradicação da poliomielite no Brasil – são a forma mais saliente de mobilização pública em torno da imunização”, escreve o pesquisador. De acordo com Hochman, existem fortes indícios de que os brasileiros conquistaram uma “cidadania biomédica” inclusiva, apesar do contexto social de desigualdade.

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“O que fez do Brasil uma referência em vacinas foi ter um programa nacional de imunizações muito organizado, com um grupo técnico com elevada expertise na área, atento e capaz de implementar campanhas de vacinas para milhões de pessoas, na rede pública e sem grandes problemas”, explica Tânia Vergara, presidente regional da Sociedade Brasileira de Infectologia do Rio. No entanto, segundo ela, o protagonismo do PNI ficou comprometido por questões políticas.

Desde 2016, o País vem registrando queda na cobertura de vacinação. A redução no número de crianças vacinadas, por exemplo, resultou no surto de sarampo em Roraima e no Amazonas, em 2018. Se continuar assim, essa redução pode acabar abrindo caminhos para o retorno de infecções já controladas. Para o Ministério da Saúde, existem alguns motivos que justificam esses índices, como pais que acham que não há necessidade de imunizar os filhos para doenças que desapareceram e até desinformação sobre reações prejudiciais ao organismo.

“Os cidadãos podem contribuir fazendo a sua parte, que é a de ter sua vacinação sempre atualizada, seja ou não por ocasião de campanhas. Em relação à vacina da covid, é a única forma que temos, até o momento, de fazer frente à contínua disseminação da doença. Não é só em si que um indivíduo deve pensar, pois se vacinar protege não só a ele, mas a coletividade”, afirma Tânia. Segundo a infectologista, como nem todos podem se vacinar, é necessário que mais pessoas se vacinem para beneficiar a imunidade coletiva.

Bebês prematuros devem ser vacinados

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Respeitar o calendário de vacinação é importante para a saúde de todos os bebês. No caso dos prematuros, isto é, nascidos antes de 37 semanas de gestação, o rigor deve ser ainda maior. “Por causa do sistema imunológico debilitado, eles têm mais risco de desenvolver doenças infecciosas graves, em comparação aos bebês que nascem no tempo normal”, diz Daniel Jarovsky, pediatra e infectologista do Hospital Infantil Sabará.

A cronologia dos imunizantes é a mesma, independentemente de a criança ser prematura ou não. Ao chegar ao mundo, o bebê recebe a primeira dose da hepatite B. Para a dose única da BCG, que previne formas graves da tuberculose, o recém-nascido precisa pesar pelo menos 2 quilos. As demais vacinas começam a ser aplicadas com dois meses de vida.

Para blindar a saúde da criança, é importante que os adultos que convivem com ela, como pais, avós, babás e irmãos, estejam com a carteirinha em dia. Nesse caso, os principais imunizantes são influenza (gripe), coqueluche, pneumonia, sarampo, rubéola, caxumba e varicela (catapora).

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Segundo Jarovsky, qualquer bebê saudável pode ser imunizado, desde que não tenha uma contraindicação específica, como uma reação alérgica grave a alguma vacina ou doença que afete o sistema imunológico.

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