
31 de julho de 2015 | 09h14
Atualizada às 21h21
GENEBRA - Pela primeira vez, uma vacina apresentou resultados concretos contra o vírus do Ebola e a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que, se confirmados os primeiros exames, o combate contra a doença pode sofrer uma “revolução”.
Nesta sexta-feira, 31, a entidade publicou as conclusões do teste realizado com a vacina VSV-EBO, da empresa Merck, Sharp & Dohme, e indicou que o produto é “altamente eficiente contra o Ebola”. A recomendação é para que os testes agora continuem para permitir que, ainda neste ano, a vacina possa já ser colocada no mercado.
O Ebola infectou mais de 27 mil pessoas e matou 11 mil no oeste da África. A OMS foi denunciada por sua má gestão da crise e as economias dos países atingidos foram duramente afetadas. Conhecido por mais de 40 anos, o vírus jamais atraiu a atenção das grandes empresas farmacêuticas do mundo para a produção de uma vacina. Governos africanos e famílias de vítimas acusaram o setor privado de fazer o produto apenas quando existia a perspectiva de lucro, o que não seria o caso com a doença no interior da África.
Agora, porém, a vacina poderia significar uma mudança radical no tratamento e prevenção, que já custaram mais de US$ 1 bilhão. “Essa é uma notícia extremamente importante”, declarou na manhã de ontem a diretora da OMS, Margaret Chan. “Isso pode mudar todo o jogo do combate à doença no futuro.”
Volume. Os testes foram feitos na Guiné com mais de 4 mil pessoas e os resultados mostraram uma eficiência de 100%. Agora, ela terá de ser testada em um volume maior de pessoas. “Esse é um presente da Guiné para o mundo”, disse Sakoba Keita, coordenador do país africano para o combate à doença.
John-Arne Røttingen, diretor do Instituto Norueguês de Saúde Pública e que lidera o teste, explicou que a estratégia foi a de vacinar pessoas que tivessem contato com pacientes e, assim, um anel de proteção poderia começar a ser formado. Isso incluiu familiares de pessoas com Ebola, vizinhos, companheiros de trabalho e médicos.
A entidade Médicos Sem Fronteira usou a vacina em testes com enfermeiras e médicos que combatem a doença.
“Essas pessoas colocaram as vidas em jogo para proteger os demais. Com tal taxa de eficiência, os países devem começar a multiplicar os anéis de vacinação para quebrar as cadeias de transmissão”, disse Bertrand Draguez, representante da entidade.
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