Vacina da Pfizer contra covid: tire suas dúvidas sobre o medicamento

Imunizante apresenta 90% de eficácia, segundo estudo preliminar; produto pode ficar restrito aos EUA em um primeiro momento e há limitações para chegar ao Brasil

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Por Ludimila Honorato
Atualização:

A Pfizer anunciou nesta segunda-feira, 9, que a vacina contra a covid-19 que vem produzindo junto com a empresa BioNTech tem eficácia superior a 90%. O resultado ainda é preliminar, os dados dos ensaios clínicos precisam ser revisados e os testes seguem em andamento.

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Mesmo que a avaliação seja inicial, esse é o indício mais forte até agora de que a busca por um imunizante possa ser bem sucedida, uma vez que havia expectativa de as vacinas em teste serem de 60% a 70% eficazes. O governo brasileiro, que afirma acompanhar mais de 250 pesquisas para “achar uma solução efetiva”, mantém diálogo com a farmacêutica, mas alguns dificuldades estão no caminho.

Confira a seguir perguntas e respostas sobre os principais fatos acerca da vacina contra a covid-19 da Pfizer:

De onde é a vacina da Pfizer?

O produto é desenvolvido pela farmacêutica americana Pfizer junto à empresa de biotecnologia alemã BioNTech. Mais de 43 mil pessoas participam de estudos clínicos, testando o imunizante, em seis países: África do Sul, Alemanha, Argentina, Brasil, Estados Unidos e Turquia.

Resultados preliminares indicam que vacina contra covid-19 da Pfizer tem 90% de eficácia; testes continuam em andamento. Foto: Dado Ruvic/Reuters

Como a vacina da Pfizer é feita e age no organismo?

Ainda em teste, o imunizante tem como base o ácido ribonucleico, mais conhecido por RNA. Dessa forma, o produto usa apenas o material genético do vírus, não o agente infeccioso. O RNA é a molécula que vai codificar uma proteína contra o Sars-Cov-2 a fim de torná-lo inativo e, com isso, induzir uma resposta imunológica.

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A vacina está em qual estágio de testes?

O produto está na terceira e última fase da etapa de testes em humanos, que envolve milhares de voluntários. No Brasil, por exemplo, 2 mil pessoas em São Paulo e na Bahia estão testando a vacina. Esse momento das pesquisas clínicas avalia a eficácia do imunizante em condições naturais de presença da doença.

Quais são os resultados até agora?

Em julho, um estudo preliminar indicou que a vacina apresentou resultados positivos, com respostas imunes em adultos saudáveis entre 18 e 55 anos. Naquele momento, os resultados ainda não tinham sido divulgados por revistas científicas especializadas nem revisados. Nesta segunda-feira, uma nova análise preliminar dos testes em fase 3 indica que o imunizante tem 90% de eficácia, mas os resultados ainda carecem de revisão.

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O que falta para a vacina da Pfizer ser aprovada?

Em primeiro lugar, é necessário que os testes da terceira fase sejam concluídos. Em seguida, se tiver sucesso em todas as etapas, os resultados são enviados para análise e possível aprovação das autoridades regulatórias dos países, que no Brasil é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Caso o órgão aprove o imunizante, a produção em larga escala pode ser iniciada, que envolve, ainda, controle de qualidade e acompanhamento para detectar possíveis efeitos adversos. A Pfizer estima que deve concluir os testes em janeiro de 2021.

Quando a vacina chega ao mercado?

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Somente após a aprovação dos órgãos regulatórios e consequente produção e distribuição da vacina. No entanto, a Pfizer e a BioNTech anunciaram que planejam enviar à agência regulatória americana, a FDA, um pedido de autorização para uso emergencial da vacina. As empresas consideram também um possível fornecimento do imunizante ao Covax Facility, consórcio global da Organização Mundial da Saúde (OMS) que pretende garantir acesso rápido, justo e igualitário às vacinas quando estiverem prontas.

Como funciona a autorização para uso emergencial da vacina?

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O pedido de uso emergencial de uma vacina ou medicamento é feito para que o produto seja utilizado pela população mesmo que os testes mais avançados ainda não tenham sido concluídos. Uma agência reguladora, como a Anvisa, é quem dá o aval para isso, que pode ocorrer quando a comunidade científica entende que é mais prejudicial esperar pela finalização das pesquisas do que lidar com os possíveis efeitos adversos. No entanto, a OMS já declarou que é preciso ter cautela com esse tema. “A autorização para o uso de emergência é algo que precisa ser feito com muita seriedade e reflexão. Não é algo que deve ser realizado com muita frequência”, disse, em agosto, Soumya Swaminathan, cientista-chefe da entidade.

Quando a vacina da Pfizer pode chegar ao Brasil?

Ainda não é possível prever, porque há algumas limitações. Em um primeiro momento, o imunizante deve ficar restrito à população dos Estados Unidos, principalmente porque, em julho, o governo de Donald Trump fechou um acordo com as empresas para comprar 100 milhões de doses da vacina ainda em 2020. Mas a Pfizer confirmou que está em negociações com o governo brasileiro para a venda do imunizante.

Quais são as dificuldades para ter a vacina no Brasil?

Diferente das outras três vacinas com testes em andamento no País, o produto da Pfizer usa o RNA do vírus, molécula de material genético muito instável que precisa ser mantida em temperaturas abaixo de -60ºC. No Brasil, isso seria um dificultador para a distribuição do imunizante, com uma preocupação maior com os Estados do Norte. Um incidente como o que ocorreu recentemente no Amapá, que está sem energia elétrica desde terça-feira, 3, poderia inviabilizar o armazenamento da vacina.

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