Vacina para gripe H1N1 pode custar até US$ 20 por dose

A chefe de pesquisa de vacinas da OMS também advertiu que não haverá vacinas para toda a população mundial

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Por AE-DJ e Reuters
Atualização:

Os países podem pagar entre US$ 2,50 e US$ 20 por uma dose da vacina para gripe A H1N1, dependendo da capacidade deles para arcar com os custos, informou uma funcionária da Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta quarta-feira, 2.

 

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O setor farmacêutico usará preços escalonados para a aquisição das vacinas - uma base de 10 a 20 dólares por dose para os países ricos; metade do valor para países de renda média; e um quarto do valor-base para os países mais pobres, segundo Kieny.  "Essas são cifras muito por cima, mas são dessa ordem de magnitude," disse ela.  Os laboratórios que desenvolvem a vacina contra o vírus H1N1 incluem MedImmune, CSL, GlaxoSmithKline, Novartis e Sanofi-Aventis. Outros laboratórios que fabricam vacinas para a gripe incluem Baxter e Solvay.

 

A chefe de pesquisa de vacinas da OMS, Marie-Paule Kieny, também advertiu que não haverá vacinas suficientes para toda a população mundial.

 

Ainda segundo ela, as pessoas não devem confiar totalmente na vacina. Marie-Paule apontou que é preciso tomar outras medidas preventivas contra o vírus, como evitar multidões, fechar escolas em alguns casos e manter a higiene pessoal.

 

"A cobertura será parcial, e não apenas nos países em desenvolvimento", apontou ela, em entrevista publicada nesta quarta-feira no Boletim da OMS. "Mas nós não devemos ficar 'hipnotizados' pelas vacinas."

 

A especialista listou outras medidas para evitar a doença, como evitar aglomerações, fechar escolas, o uso de antibióticos e a higiene pessoal. "Isso não é como a raiva, que é 100% fatal: nós estamos falando sobre uma doença da qual a maioria das pessoas se recupera muito bem."

 

Marie-Paule reiterou que a OMS ajudará as nações a conseguirem o máximo possível de vacinas. No caso dos países mais ricos, o custo dela deve estar na casa dos US$ 20 por dose.

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"A indústria usará preços escalonados, portanto países com alta renda pagarão entre US$ 10 e US$ 20 por dose, países com renda média aproximadamente a metade, e os com baixa renda a metade destes", explicou. A funcionária disse que os valores eram estimativas, mas aquela seria a ordem de grandeza.

 

A Grã-Bretanha e a França já receberam os primeiros lotes de vacina para a gripe A H1N1, no fim de agosto. Os governos começam a se preparar para uma possível segunda onda da doença, no inverno do Hemisfério Norte. Pelo menos 2.185 pessoas morreram após contraírem o vírus.

 

Marie-Paule Kieny, diretora do programa de pesquisa de vacinas da entidade, afirmou que os profissionais da saúde devem ser os primeiros a serem imunizados depois que a vacina começar a ser distribuída, talvez já neste mês. "O consenso é de que as primeiras doses serão disponibilizadas aos governos para uso em setembro," disse ela. O Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA disse na semana passada que dificilmente as vacinas estarão disponíveis antes de outubro.

 

Cerca de 30 protótipos de vacinas estão sendo desenvolvidos às pressas para combater a dita "gripe suína," que surgiu em abril no México e EUA e desde então se espalhou para o mundo todo. A OMS declarou em junho que o mundo vive uma situação de pandemia.  "Nenhum país terá uma vacina para todos a partir do primeiro dia que estiver disponível para o uso," disse Kieny ao Boletim da OMS, uma publicação da ONU.

 

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Kieny disse que "uma avaliação clínica completa" das vacinas H1N1 não será necessária, apenas testes para saber se a indicação seria para uma ou duas doses da vacina, se algumas pessoas correriam risco ao tomar a injeção e se ela pode ser administrada em conjunto com outras vacinas.

 

Pesquisas com vacinas desenvolvidas para o combate à gripe aviária H5N1, que é mais fatal do que a variedade pandêmica embora menos contagiosa entre humanos, ajudaram os laboratórios a desenvolverem rapidamente versões contra o H1N1, disse a especialista.  "Com base no amplo conhecimento disponível a respeito das vacinas sazonais e dos resultados obtidos por meio da avaliação das vacinas contra a gripe aviária H5N1, não há dúvida de que será possível fazer vacinas eficazes contra o H1N1 pandêmico," disse ela.

 

Especialistas dos EUA disseram nesta semana que dificilmente o H1N1 vai se misturar a outros vírus comuns, o que poderia criar uma "supergripe." Kieny afirmou que a nova cepa teria de sofrer mutações muito significativas para que as novas vacinas deixassem de funcionar.  "Embora o vírus possa ter mutações, esperamos que haja suficiente proteção cruzada por meio do reconhecimento do novo vírus. Mas se o vírus mudar demais, vamos precisar de novas vacinas," disse ela ao Boletim da OMS.

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