22 de janeiro de 2008 | 19h37
Para o historiador José Murilo de Carvalho, a recente corrida da população pela vacina contra a febre amarela reflete um grande avanço da sociedade brasileira. O mesmo não se pode dizer, porém, do governo. "A população evoluiu, o governo não." Murilo de Carvalho, que estudou o conflito no Rio em 1904 conhecido como "Revolta da Vacina", observa que, nos dois momentos, a população demonstrou uma profunda desconfiança diante do discurso feito pelas autoridades. Veja os números e os riscos da febre amarela Na revolta de 1904, que teve início no dia 10 do mês e se prolongou até o dia 17, levando à decretação de estadio de sítio na então capital da República, a população de insurgiu contra uma campanha de vacinação obrigatória contra a varíola. Veja, abaixo, notícias publicadas na época por O Estado de S. Paulo: O recorte acima é da edição de 15 de novembro de 1904, no auge do conflito - na terceira coluna, lê-se que "descarregando revólveres... soldados e oficiais avançaram, debaixo de uma chuva de balas que partia da multidão. Foi enorme esse tiroteio e os amotinados tiveram de recuar... A força era impotente para conter esses atos de vandalismo e a desordem campeava livremente na cidade". Mais adiante, o texto menciona bondes queimados e depredados. Abaixo, recortes dos dias 13 e 14, que informa que a rua do Ouvidir "foi varrida por uma carga de cavalaria" e que a polícia "teve ordem severa de fazer fogo contra os indivíduos que tentassem danificar os combustores de iluminação pública". Há, ainda, a notícia da morte de uma vítima dos conflitos, e "na Câmara e no Senado não houve sessão, por falta de congressistas": E, por fim, uma suspeita quanto à reação do governo, no dia 15:
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