Vinte Estados e DF têm ocupação de UTI acima de 80%; Fiocruz vê cenário de 'alto risco'

Novo Boletim do Observatório Covid-19 da instituição trouxe dados da pressão da doença sobre o sistema de saúde. Especialistas veem elevada taxa de transmissão do vírus e pedem ações coordenadas de combate

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Por Roberta Jansen
Atualização:

RIO - O atual cenário da pandemia no Brasil é de “alto risco”, segundo o novo Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgado nesta quarta-feira, 9. A estabilização do número de novos casos em patamares muito altos indica uma elevada taxa de transmissão do Sars-CoV2.

Atendimento a paciente com covid-19 em hospital de São Paulo Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADAO

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Além disso, pelo menos vinte Estados e o Distrito Federal, bem como 17 capitais, apresentam taxas de ocupação iguais ou superiores a 80%. Essa combinação, dizem os especialistas, “demanda atenção e prudência” nos próximos dias.

Neste contexto, alertam os especialistas, “o monitoramento dos indicadores da pandemia exige maior velocidade entre a detecção de sinais de mudanças no quadro atual e tomadas de decisão para contenção ou bloqueio nos estados e capitais que apresentam um quadro mais crítico”.

Na última semana epidemiológica (de 30 de maio a 5 de junho) foi mantida a tendência de estabilização dos indicadores de incidência e mortalidade no Brasil. Foram registrados cerca de 62 mil novos casos e 1,6 mil mortes diárias por covid-19, “o que configura um alto patamar de risco para a pandemia”. Apesar de haver uma ligeira queda no número de óbitos (-1,5%), a transmissão do vírus permanece em patamares muito altos.

“Esse contexto continua a produzir fortes pressões sobre todo o sistema de saúde, considerando que milhares dos casos podem apresentar quadros clínicos graves, exigindo internação e cuidados intensivos”, alertam os especialistas.

De acordo com o novo boletim, doze unidades da federação apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 iguais ou superiores a 90%: Tocantins (94%), Maranhão (90%), Ceará (93%), Rio Grande do Norte (94%), Pernambuco (97%), Alagoas (91%), Sergipe (99%), Paraná (96%), Santa Catarina (97%), Mato Grosso do Sul (107%), Goiás (90%) e Distrito Federal (90%).

Outras nove apresentam taxas de ocupação que variam de 80% a 89%: Roraima (87%), Piauí (88%), Paraíba (80%), Bahia (84%), Minas Gerais (82%), Rio de Janeiro (81%), São Paulo (82%), Rio Grande do sul (84%) e Mato Grosso (87%).

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Doze capitais estão com taxas de ocupação de leitos de UTI iguais ou superiores a 90%: Palmas (93%), São Luís (97%), Teresina (número estimado acima de 90%), Fortaleza (95%), Natal (93%), Maceio (90%), Aracaju (98%), Rio de Janeiro (92%), Curitiba (102%), Campo Grande (106%), Goiânia (91%) e Brasília (98%).

Em outras cinco capitais, a ocupação está entre 80% e 89%: Boa Vista (87%), Belém (88%), Recife (86%), Salvador (81%) e Florianópolis (88%).

“As taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS observadas em 7 de junho apontam para a persistência de um quadro grave de sobrecarga do sistema de saúde”, concluem os especialistas.

“Em face da vacinação de idosos e da maior exposição de adultos jovens, tem havido uma mudança no perfil etário dos pacientes internados, o que talvez venha incorrendo em internações mais longas.”

Para os cientistas, Estados e municípios, sob a coordenação federal, precisam adotar urgentemente medidas para reduzir o número de casos e mortes, sobretudo diante da lentidão da vacinação.

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