Virologista da OMS diz que o A(H1N1) chegará ao Brasil

Marilda Siqueira, da Fiocruz, diz que ainda é cedo para afirmar que a epidemia está perdendo força

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Por Fabiana Cimieri e da Agência Estado
Atualização:

A virologista da Fiocruz, Marilda Siqueira, integrante da Comissão da Organização Mundial de Saúde para o Desenvolvimento dos Planos de Contingência Nacional para Influenza, acha que ainda é cedo para afirmar que a epidemia de gripe suína está perdendo a força e acredita que é inevitável a entrada do vírus no Brasil.

 

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A pesquisadora, que acaba de voltar de Genebra, onde participou de várias reuniões sobre a pandemia na OMS, inclusive da conferência que aumentou o grau da epidemia de 4 para 5, acredita que as medidas adotadas pelo México, como fechar o comércio e cancelar as aulas nas escolas por vários dias, podem ter contribuído para diminuir a transmissibilidade do vírus. No entanto, assim como o ministro da Saúde José Gomes Temporão, considera inevitável a entrada do vírus H1N1 no Brasil.

 

"Continuamos na fase 5 (uma abaixo da pandemia). Os ministérios da saúde têm que continuar em alerta. Temos a experiência do próprio vírus influenza, na Gripe Espanhola de 1918, que começou mais tranquila e meses depois voltou mais forte causando a epidemia", disse ela, em entrevista ao Estado por telefone.

 

Nos próximos 15 dias, a OMS deve divulgar o documento elaborado pela comissão da qual Marilda participa com as recomendações para os laboratórios de referência. A ideia é padronizar os procedimentos, fazendo com que todos eles usem o mesmo kit de diagnóstico, tipos de amostras clínicas, formas de processamento, informação e notificação dos resultados aos ministérios dos países e à OMS.

 

Para a pesquisadora, o que mais assusta na gripe suína é que o vírus foi descoberto quando a transmissão homem a homem já estava acontecendo. A gripe aviária (H5N1), descoberta em 2003, ainda está na fase 3 da epidemia, segundo a OMS, porque não foi comprovado nenhum caso de transmissão entre humanos, apenas de aves para homem.

 

Pelo que tem sido observado até agora, Marilda acredita que a letalidade da gripe suína será bem menor do que a da aviária. Até a tarde desta terça-feira, 5, havia cerca de 1.500 casos e 30 mortes confirmadas por gripe suína. Desde 2003, a gripe aviária contaminou 421 pessoas, das quais 257 - mais da metade - morreram.

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"O que está ajudando agora é que estamos com um sistema de saúde muito bom, com notificações em tempo real. Esse alerta ajuda muito na contenção de uma possível pandemia, além de termos antibióticos e antivirais para realizar o tratamento", afirma.

 

 

Marilda explicou que o perigo da gripe suína é que a população ainda não foi exposta a ele, diferente do que acontece com a gripe sazonal, para a qual a maioria das pessoas tem uma resposta imune. "Mas não temos como prever se com a transmissão homem-a-homem o H1N1 também vai se adaptar e enfraquecer".

 

Ela destacou que, nos 15 dias que se passaram desde que o novo subtipo da doença foi descoberto, os cientistas conseguiram avanços importantes.

 

Através do sequenciamento do genoma do vírus, descobriu-se que ele tem componentes suínos, aviários e humanos, apesar de ainda não terem sido encontrado os porcos contaminados.

 

Além disso, já existe um kit de diagnóstico e a vacina deve demorar de 4 a 6 meses para ficar pronta.

 

Gripe comum

 

A pesquisadora ressalta que os brasileiros devem continuar cautelosos diante de qualquer gripe mais forte, mas não entrar em pânico ao menor sintoma da doença.

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 Neste mês, como acontece todos os anos, começa a circular na maioria dos Estados o vírus da influenza sazonal (gripe). As pessoas com mais de 65 anos podem se vacinar gratuitamente nos postos de saúde. Adultos e crianças podem tomar a vacina em clínicas particulares. Os sintomas de ambas as doenças são parecidos.

 

Até  atarde desta terça-feira, 5, o Ministério da Saúde reconhecia 28 casos suspeitos da gripe suína, distribuídos da seguinte forma: São Paulo (12), Minas Gerais (3), Distrito Federal (2), Rio de Janeiro (2), Santa Catarina (2), Tocantins (2), Goiás (1), Mato Grosso do Sul (1), Paraíba (1), Pernambuco (1) e Rondônia (1). Além disso, outros 28 casos estão em monitoramento em 20 estados e 73 foram descartados.

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