Vírus de gripes pandêmicas podem ser combatidos com anticorpos similares

Cepas da gripe espanhola e suína têm a mesma vulnerabilidade molecular, aponta estudo

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Por Redação
Atualização:

Os vírus da gripe espanhola de 1918 e da gripe suína dos últimos meses possuem quase a mesma estrutura molecular e podem ser combatidos com anticorpos similares, revela estudo publicado na última edição da revista Science Translational Medicine.

 

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Essa vulnerabilidade molecular compartilhada pode ser explorada para enfrentar outras cepas pandêmicas desses vírus, explicam os cientistas do Instituto Scripps de Investigação e Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (da sigla em inglês NIAID).

 

"Este estudo define uma similaridade inesperada entre duas cepas da gripe suína", disse Anthony Fauci, diretor da NIAID. "Isso nos proporciona um novo conhecimento sobre a evolução dos vírus pandêmicos para conversão em cepas estacionais, e, o mais importante, vai nos guiar no desenvolvimento de vacinas que podem frear ou impedir sua transformação", disse.

 

Imunidade

 

O estudo norte-americano ajuda a explicar porque, em geral, as pessoas de idade avançada têm sido menos infectadas pelos últimos surtos de gripe do que as mais jovens.

 

"Nossas descobertas proporcionam uma prova conclusiva de que a exposição aos primeiros vírus ajudou a dar imunidade frente a recente pandemia de gripe", disse Ian Wilson, professor do Instituto Scripps de Investigação.

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A pandemia da gripe espanhola de 1918 surgiu na Europa e se estendeu a quase todo o mundo, causando a morte de mais de 50 milhões de pessoas.

 

Já a pandemia da gripe suína apareceu no México em abril do ano passado e também se espalhou rapidamente por dezenas de países, matando mais de 16 mil pessoas, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

 

Experiência com ratos

 

Os cientistas determinaram a similaridade molecular de ambos os tipos de vírus injetando em ratos uma vacina produzida com um vírus desativado da gripe espanhola. Depois expuseram esses roedores a altos níveis do vírus da gripe suína.

 

Todos os ratos sobreviveram e o mesmo resultado foi observado ao reverter o experimento: os animais vacinados com o vírus desativado da gripe suína, e depois expostos ao da gripe espanhola, sobreviveram.

 

Isso significa, segundo os cientistas, que os roedores produziram anticorpos que puderam neutralizar os vírus. "Este é um resultado surpreendente. Não esperávamos que seria possível gerar anticorpos reativos contra o vírus depois de tantos anos", afirmou Gary Nabel, cientistas da NIAID.

 

"Esta investigação demonstra que a exposição ao vírus que circula há muitas décadas pode proporcionar certa proteção contra uma nova pandemia viral", indicou Damian Ekiert, cientista do Instituto Scripps de Investigações.

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