Zooterapia melhora qualidade de vida de idosos em asilo de SP

Curso da USP leva, a cada 15 dias, alunos e animais para visitar pacientes de instituição em Pirassununga

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO - A zooterapia, tratamento de pessoas por intermédio de animais, traz benefícios significativos à qualidade de vida de idosos. O contato com animais como cães, peixes, tartarugas, pássaros e até escargots vem proporcionando um aumento da afetividade, do ânimo e da socialização dessas pessoas, como mostra o projeto implantado pela professora Maria de Fátima Martins, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP. O projeto “Desenvolvendo a afetividade de idosos institucionalizados através dos animais” existe desde 2006 e tem repercutido positivamente na saúde dos pacientes. A cada 15 dias, um grupo de cinco ou seis alunos de graduação e pós-graduação, tanto da USP como de outras instituições de ensino, faz uma visita às pessoas internadas no asilo São Vicente de Paula, em Pirassununga (SP), e leva animais para interagir com elas. A instituição acolhe cerca de 31 idosos, entre homens e mulheres. “Desde que implantamos o projeto, observamos inúmeras melhorias na qualidade de vida desses idosos”, aponta Maria de Fátima, coordenadora da iniciativa e docente do Departamento de Nutrição e Produção Animal da FMVZ, no câmpus de Pirassununga. Entre os animais, estão cães como labrador, golden retriever, bassê e vira-latas, além de canários e calopsitas. “O importante é que o animal tenha passado por um processo educativo para estar apto a ser levado ao asilo e esteja adequado sob o ponto de vista sanitário”, afirma Maria de Fátima. Segundo a professora, se antes os idosos se mostravam fechados, sem se comunicar entre si e entediados com a rotina do asilo, agora a realidade é outra. “Eles acabam conversando mais uns com os outros, compartilham experiências de vida, relembram os animais de estimação que tiveram e conseguem sair da rotina”, revela. Outro aspecto interessante é que os pacientes também se transformam em cuidadores: os pesquisadores instalaram um aquário na instituição para que eles tomassem conta dos peixes. "A cada dez dias, aproximadamente, alguns alunos do projeto vão até lá para supervisionar a iniciativa", conta. Os pesquisadores também criaram uma horta dentro do asilo, que fica sob os cuidados dos idosos, e outra dentro do câmpus de Pirassununga, envolvendo alunos de pré-iniciação científica e da terceira idade, onde são cultivadas hortaliças e plantas medicinais. Com isso há uma interação nas diferentes idades, promovendo um entrosamento e troca de vivencias. “Se antes apenas transmitíamos conhecimento em medicina veterinária, agora nos transformamos em agentes sociais de mudanças”, comemora a professora. Nesta sexta-feira, 16, sábado e domingo, a população da capital paulista poderá conhecer mais de perto o projeto de zooterapia desenvolvido pela professora Maria de Fátima. O trabalho contará com a participação das ONGs Zooterapia e ATEAC e será apresentado no 13º Festival do Japão 2010, que acontece no Centro de Exposições Imigrantes (Rodovia dos Imigrantes, Km 1,5, São Paulo). Extensão com pesquisa Maria de Fátima salienta que o projeto agrega o tripé ensino, pesquisa e extensão, mas, em relação a este último item, destaca o caráter científico com que abordam as atividades no asilo. “Buscamos observar as reações dos idosos, coletar e anotar essas informações para termos material que poderá ser usado em outras pesquisas”, explica. O grupo é formado por veterinários, enfermeiros, geriatras, fisioterapeutas e psicólogos. Essa inter-relação entre as áreas do conhecimento, explica a professora, é proporcionada pela zooterapia a partir do fato de que o contato com os animais pode ser analisado sobre diversas áreas. “Ao acariciar um cão, por exemplo, o idoso vai estender a mão, ou ainda, pode querer passear com o animal, e isso pode ser útil na área da fisioterapia. Já um psicólogo pode analisar as reações emocionais do idoso a partir do contato com o animal. Um veterinário pode avaliar o comportamento dos animais diante das pessoas do asilo”, enumera. O câmpus de Pirassununga oferece a disciplina de Zooterapia desde 2000, e a turma recebe, além de alunos de diversas áreas do conhecimento, idosos participantes do Universidade Aberta à Terceira Idade. “Já fizemos palestras sobre o projeto de zooterapia em escolas e hospitais e fomos convidados para ministrar cursos em universidades de Manaus, Cuiabá, Vitória”, afirma. O próximo curso acontece entre os dias 31 de julho e 1º de agosto, no câmpus de Pirassununga, que vai sediar a terceira edição do "Curso de atividade, educação e terapia assistida por animais". As inscrições estão abertas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.